DESVENTURAS RUMO À CHAMPAGNE

Não é de hoje que as casas produtoras, do mais admirado espumante do mundo, o Champagne, fascinam a todos.

Desde a época quase poética, quando Madame Clicquot ainda era casada e não viúva, quando a Chandon era apreciada e sorvida aos borbotões por Napoleão e Dercy Gonçalves era viva e virgem, até hoje, as casas de Champagne criaram e souberam manter uma áurea de glamour e elitismo.

Infelizmente, ás vezes, o que era para ser glamour, diferencial, transmuta-se em soberba.

Montando um roteiro para uma viagem à França, este simplório blogueiro achou interessante incluir no mesmo uma visita a alguma ou algumas casas de Champagne.

Bem, e-mail pra lá, e- mail pra cá, mais um mix de dicas de amigos, este decide incluir uma renomada e exclusiva casa (sem citar o nome). Obs:  Não é a Clicqot, nem a Chandon.

Aqui começam as desventuras. Recebida informação de que tal casa não recebe turistas que simplesmente batem à sua porta, fora preparado um cordial e-mail, solicitando uma visitação às instalações, e se possível aos vinhedos.

Com ajuda de amigos, já que este infeliz não domina a língua de Molière, foi redigido o pedido. Agora era só esperar pela resposta e tudo estaria resolvido.

Simples assim.

Belo dia. Uma resposta da na caixa de e-mails. Nossa quanta presteza. E esse povo dizendo por aí que francês é arrogante e coisa e tal. Quanta injustiça.

Aberto e lido o e-mail, a bomba. Era algo, não literalmente, mas mais ou menos assim: “Sr. Se deseja alguma informação, que seja escrito em linguagem inteligível. A língua francesa não é para ser ultrajada. Escreva em uma língua que conheça “. Que tapa na cara.

E agora, estava ruim o texto? Bato nos meus amigos? Processo a Google pelo seu Google tradutor? Não, resolvi escrever na língua de Shakespeare, nesta saberia expressar-me corretamente. Língua quase universal, esta sim ajudar-me-ia.

Dito e feito. Lá foi outro e-mail. Agora era só aguardar. Já me via dentro da vinícola, conversando, quem sabe, com um enólogo da casa.

O tempo passava, passava, mas a fé não esmorecia. Um dia: plim! Mensagem. Ahaa, devem ser notícias alvissareiras. Agora eu conseguira, pensei.

Que tolinho. Aberto o e-mail, ao invés de um simples tapa na cara, veio um soco, nos córneos e no estômago.

O missivista avisava que, quando explicitou uma língua que conhecesse, refería-se a uma língua culta e não bárbara. Acho que ofendi a biba!

Diabos! Por que esse filhote de Asterix não avisou logo, que só servia francês.

Pronto. O meu francês não servia, não servia, qualquer, inglês. Como solicitaria uma visita? Será que a Carla Bruni intercederia?

Só me restava o português, mas como reagiria o missivista franco? Talvez para ele o português nem seja uma língua, mas sim um mero dialeto falado do outro lado do atlântico e, alí, no norte da África (Portugal).

Não tentei. Tive medo de a resposta vir junto a um golpe se Savate ou quem sabe ele tentaria fazer uma sabragem na minha cabeça. Não quis mais ofender, nem tomar o preciso tempo do francês.

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2 Respostas to “DESVENTURAS RUMO À CHAMPAGNE”

  1. thiago alves Says:

    Fala gustavo!
    Eu diria que essa sua historia seria cômica se nao fosse trágica!rs
    Quando estive em Champgne em fevereiro deste ano, agendei visitas por e-mail em ingles e nao tive problema.
    Boa sorte na proxima vez! Abracos!

    • Gustavo Silveira - gustavogsilveira@hotmail.com Says:

      Thiago,
      Levei Maia para o lado da brincadeira. A vinicola de que tart no texto nao teem o costume de receber visitantes.
      Estive ha dois dias atras em Reims, Champagne e visitei a Pommery, onde fui muitissimo bem tratado, adorando a visitacao.
      Em breve escreverei sorb a visita.

      Ps. Escrevo sem acento pois estou usando um IPad com teclado virtual internacional.

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