Nem só de Porto vive o mundo dos vinhos doces. Maury, um vinho doce do Languedoc-Roussillon.
A Região do Languedoc-Roussillon fica sul da França, delimitado pelos Pirineus. Roussillon, o sul da região, foi por muito tempo palco de disputas, entre os reinos de Aragão (na atual Catalunha) e França.
Corriqueiramente o Languedoc-Roussillon é considerado o patinho feio das regiões vinícolas francesa, com a predominância de produção vinícola em larga escala, sem muita preocupação com a qualidade.
A região é considerada a maior produtora de vinho de mundo, com mais de 200 mil hectares plantados. A título de comparação, Portugal inteiro, a quarta maior área plantada de vinhas da Europa, possui 199 mil hectares de vinhedos.
Recententemente o Languedoc-Roussillon vem apresentando alguns bons vinhos, que serão objeto de análise brevemente. Entretanto a região não ficou apenas conhecida pelos vinhos ordinários. Languedoc-Roussillon possui vinhos doces muitíssimos interessantes, tais como Rivesaltes, Banyuls e Maury, vinhos doces naturais (vins doux naturels), sendo responsável por 90% da produção dos vins doux naturels franceses.
O Vinho em análise, o Maury, provem da região mais ao norte de Roussillon.
As encostas ensolaradas de Roussillon, no sul da França, são perfeitas para garantirem a maturidade das uvas e uma ótima concentração de açúcar, que será transformado em álcool.
O Maury é envelhecido em grandes tonéis de carvalho, nos quais são expostos intencionalmente à oxidação. Os vinhos são expostos à grandes diferenças de temperatura, a fim de acelerar o desenvolvimento de aromas.
Quando jovem, predominam aromas de frutos cozidos, como figo, pêssego e cereja. Com um pouco de envelhecimento, notam-se aromas de caramelo e tostado.
O Maury é um vinho doce natural, em geral muito equilibrado. Acompanha bem entradas, como foie gras e queijos de cabra, e também são ótimos na sobremesa, sendo perfeitos para acompanhar chocolate, ou doces feitos com este.
Enfim, apesar de pouco conhecido no Brasil, o Maury pode ser uma excelente opção de vinho doce. Apesar de ser um degustador inveterado de Vinho do Porto e Madeira, tenho no Maury uma opção, também, a ser considerada.